Além do plástico: o que causa a destruição dos oceanos?

Nos últimos anos, muito tem sido falado sobre os impactos do plástico na vida marinha. Mas você sabia que há muitos outros fatores que causam a destruição dos oceanos?

Mudanças individuais, como substituir canudos de plástico, usar sacolas retornáveis e priorizar produtos com embalagens biodegradáveis podem contribuir positivamente para o meio ambiente. 

No entanto, para que algo realmente mude na qualidade das nossas águas, é necessário mudar também — e principalmente — a forma como produzimos, consumimos e nos alimentamos.

Veja a seguir algumas das principais causas de devastação dos oceanos.

 

Sobrepesca 

Em 2017, 34,2% do estoque global de peixes foi classificado como sobrepesca. Esse termo se refere à pesca desenfreada, ou seja, a uma atividade que explora os oceanos e as espécies em uma velocidade que não permite que os peixes se reproduzam no mesmo ritmo, impactando negativamente a biodiversidade e o funcionamento do ecossistema.

Quando falamos sobre a criação de animais para consumo, como bois, porcos e galinhas, as estatísticas são feitas com base na quantidade de animais. Ou seja, esses números mostram quantos animais são criados e abatidos por minuto, dia, mês e ano.

No entanto, quando falamos de peixes, os números não consideram os seres vivos individualmente, mas sim as toneladas. Por mais que os números sejam altos, não se sabe exatamente quantos peixes e quantos animais de outras espécies são mortos diariamente para alimentação humana.

No entanto, o relatório “The State of World Fisheries and Aquaculture“, divulgado em 2020 pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), informa que em 2018 cerca de 88% da produção mundial de peixes foi utilizada diretamente para consumo humano, o que representa 156 milhões de toneladas.

Ainda neste relatório, estima-se que na pesca e na aquacultura, 35% do que é coletado mundialmente seja desperdiçado ou perdido. 

 

Captura acidental

As redes de pesca não são seletivas, por isso, capturam acidentalmente muitos animais além dos que são o alvo da pescaria. 

Esses animais nem sempre têm valor comercial, mas ficam presos nas redes, sofrendo mutilações, sufocamentos e afogamentos devido à captura.

Há estudos que estimam que 40% dos animais capturados tenham sido pegos acidentalmente, o que é uma ameaça grave aos oceanos e à vida marinha, além de gerar sofrimento para milhares de animais.

Isso significa que, além dos milhões de peixes e outros animais capturados intencionalmente para alimentação humana, a pesca também contribui para o declínio de várias outras espécies, como tartarugas, tubarões, aves marinhas, focas e baleias.

 

Plástico e pesca fantasma

O lixo terrestre que chega aos oceanos, como canudinhos, garrafas, sacolas, fibras de roupa, embalagens e cosméticos, tem grande responsabilidade na poluição das águas e no risco oferecido aos animais. 

Muitas vezes esse lixo é composto por microplásticos, com tamanho inferior a 5mm, que são ingeridos pelos animais marinhos, levando a problemas hormonais, digestivos e até mesmo à morte.

E não é apenas a ingestão do plástico que preocupa. As imagens que vemos espalhadas pela internet de tartarugas, crustáceos e peixes enrolados em resíduos mostram essa triste realidade.

Os equipamentos de pesca descartados, como redes, linhas e armações, também representam uma boa parte do plástico encontrado nos oceanos.

A FAO e a ONU Meio Ambiente estimam que esses equipamentos abandonados representem cerca de 10% de todo o lixo marinho do mundo, o que equivale a mais de 640.000 toneladas a mais no oceano por ano!

Além da questão do plástico, as redes de pesca e demais materiais abandonados também se tornam responsáveis pelo que é chamado de “pesca fantasma”, envolvendo animais indevidamente nos oceanos. Essa pesca fantasma pode causar:

  • amputação;
  • ferimentos;
  • afogamento em animais que não conseguem ir à superfície para respirar;
  • fome, já que aprisionam os animais;
  • predação, já que os animais não conseguem fugir e se esconder.

 

Criação de animais para consumo

As alterações climáticas são responsáveis por muitos problemas ambientais que enfrentamos atualmente, como extinção de espécies, derretimento de geleiras e aumento do nível do mar. 

Elas também contribuem para a diminuição do oxigênio nos oceanos, o que gera as zonas mortas, onde há níveis muito baixos desse elemento. De acordo com reportagem do The Guardian (2008), essas zonas mortas quadruplicaram desde 1950, o que é extremamente preocupante, já que muitas espécies não conseguem sobreviver nessas condições.

E o que a indústria da carne tem a ver com isso?

Além de ser uma das principais responsáveis pelas mudanças climáticas, a pecuária também contribui para a destruição dos oceanos por meio da poluição das águas. 

Conforme mostrado no relatório “More people, more food, worse water? A global review of water pollution from agriculture“, também da FAO, a produção de ração e a criação de animais gera um despejo significativo e prejudicial de excrementos, hormônios, antibióticos, metais pesados e nutrientes na água.

O aumento do consumo de peixes também impacta negativamente, já que a produção em alta escala libera na água quantidades cada vez maiores de excrementos de peixes, alimentos não consumidos e medicamentos como antibióticos, fungicidas e agentes anti-incrustantes.

 

Ajude a salvar os oceanos e os animais!

A devastação dos oceanos é preocupante e os animais sofrem muito com todas essas condições e, especialmente, com a pesca em larga escala. Esta recente investigação lançada pela Mercy For Animals mostra a terrível realidade em fazendas de peixes nos EUA.

Mas ainda há ações que podem ser tomadas para frear as mudanças climáticas, poluir cada vez menos e salvar milhares de animais.

Que tal deixar os peixes fora do seu prato e ajudar a mudar essa situação? Participe do Desafio 21 Sem Carne e veja como é fácil e possível ter uma alimentação saudável sem carne!