Na madrugada de 18 de fevereiro, um odor fétido e nauseante tomou conta da Cidade do Cabo, na África do Sul. O motivo: o navio Al Kuwait, vindo do Brasil com 19 mil bovinos vivos a bordo.
O odor, descrito por moradores da região ao jornal Times Live como uma combinação de esgoto, peixe podre, esterco e urina, é resultado das condições precárias a que os animais estiveram submetidos durante pouco mais de uma semana de confinamento.
O Conselho Nacional de Sociedades para a Prevenção da Crueldade contra Animais (NSPCA), conseguiu autorização para entrar no navio, e em relatório revelou um cenário assustador que violam os princípios básicos de bem-estar animal.
“As cenas na embarcação eram repugnantes, com extremo acúmulo de fezes e urina, e os animais não tinham outra opção a não ser descansar em baias com seus próprios excrementos.” Foram encontrados animais comprometidos, incluindo animais mortos, doentes e feridos”, declarou a NSPCA.
1. Alta densidade de animais
Os 19 mil bovinos confinados são obrigados a viver entre seus próprios dejetos, devido à limitação de espaço dentro da embarcação e à impossibilidade de limpeza com regularidade.
2. Animais cobertos com os próprios excrementos
Os animais não tinham outra opção a não ser descansar em baias com seus próprios excrementos.
3. Água e alimentos impróprios para consumo
A NSPCA documentou água e alimentos contaminados com excrementos.
4. Animais feridos e doentes
A situação era extremamente estressante e prejudicial para a saúde e o bem-estar dos animais. A NSPCA precisou eutanasiar oito animais a bordo.
5. Animais sem vida
Alguns animais não sobreviveram nem à primeira parte do longo trajeto até o destino final, tampouco às condições adversas enfrentadas na embarcação.
Destino Final
Os animais seguiram para seu destino final na madrugada do dia 21 de fevereiro, tendo à frente mais 13 dias de viagem até o porto de Umm Qasr, no Iraque, de onde serão encaminhados para o abate.
Navio abandonado na Austrália
O sofrimento animal causado pela exportação de animais vivos por via marítima é uma realidade presente em todos os países onde essa atividade ocorre. Em janeiro, na costa da Austrália, mais de dois mil bovinos e 14 mil ovelhas passaram quase um mês presos em um navio em meio a temperaturas que chegaram a 40 °C, sem acesso adequado a água e alimentação.
A embarcação Bahijah, com destino a Israel, partiu da Austrália no dia 5 de janeiro, mas precisou dar meia volta devido à ameaça de ataque da milícia Houthi no Mar Vermelho. O confinamento prolongado resultou na morte de 60 ovelhas e 4 bois que estavam a bordo.
Destaque na mídia
A exportação de animais vivos está ganhando destaque na mídia devido aos recentes incidentes durante o transporte marítimo. A tragédia na Cidade do Cabo envolvendo um navio com 19 mil bois brasileiros foi noticiada no jornal Domingo Espetacular da Rede Record e no jornal do SBT News. Durante a cobertura, George Sturaro, Gerente de Investigações da MFA, conversou com repórteres e chamou a atenção para as terríveis condições enfrentadas por esses animais nas embarcações. Destacou também que a única maneira de proteger esses animais é proibir completamente a atividade.
Judiciário brasileiro
Em Abril de 2023, a Justiça Federal brasileira decidiu pela proibição da exportação de animais vivos em todos os portos do Brasil. Essa decisão não tem efeitos imediatos e a União Federal já recorreu. Por isso, é preciso continuar promovendo essa pauta.
Engaje-se nessa luta!
- Assine a petição pelo fim da exportação de animais vivos por via marítima
- Assista aos documentários “Exportação Vergonha” e “Elias: O Boi que Aprendeu a Nadar” para mais informações sobre essa atividade no Brasil.
- Contribua com a MFA:
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