No início de dezembro, uma notícia chocou as pessoas que amam os animais: 27 mil bois estavam sendo enviados, vivos, para uma viagem até a Turquia que pode durar até 30 dias. Agora, uma nova viagem está programada. Três navios devem partir do porto de São Sebastião (SP) também para a Turquia, mas dessa vez levando 35 mil animais. O primeiro dos navios, com bandeira de Cingapura, atracou no porto já no dia 3 de janeiro.
A viagem desses bois e vacas começou já faz dias: para chegar ao porto, eles são transportados em caminhões, apertados, sem segurança, sob o calor de 35 graus, por longos trajetos — alguns vêm até mesmo do Centro-Oeste do país. Muitos animais não aguentam as péssimas condições e morrem antes mesmo de chegarem ao destino.
Os moradores do litoral norte de São Paulo têm reclamado do cheiro da carga. Mal podemos imaginar o que representa para os animais passar semanas em ambientes imundos, pisando em seus próprios dejetos, submetidos a temperaturas extremas, sem oferta apropriada de água ou comida.
Um dos motivos pelos quais os animais são exportados vivos é o fato de, nos países do Oriente Médio, não haver regulação específica que exija que o abate seja feito com práticas menos dolorosas para os animais.
Se o abate humanitário ainda é cruel, o que dizer de, ainda vivo e consciente, ser amedrontado, pendurado por seus membros, levar uma dolorosa facada no coração e sangrar até morrer? Essas foram apenas algumas das horripilantes cenas flagradas pela investigação da ONG Animals International, parceira da Mercy For Animals que tem se dedicado a banir o terrível transporte de animais vivos.
O árduo trabalho está colhendo frutos: a Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (CMADS) da Assembleia Legislativa de São Paulo vai oferecer denúncia ao Ministério Público Federal e Estadual, não apenas pela crueldade, mas também pelo impacto ambiental e social da prática.