Prisão de dono da JBS é mais uma bomba para a indústria da carne

O dono da gigante da carne JBS, Wesley Batista, foi preso em São Paulo na última quarta-feira (13), em meio a um escândalo de corrupção e suborno envolvendo cerca de 2 mil políticos, incluindo o presidente Michel Temer.

Batista e seu irmão, Joesley, ex-presidente da empresa, foram presos por suspeita de vender ações da JBS e comprar moeda estrangeira enquanto negociavam um acordo de delação premiada. Conscientes de que o acordo afetaria tanto o valor das ações quanto do câmbio, os irmãos agiram de forma a obter vantagem nos mercados financeiros.

De fato, as ações da JBS e o Real tiveram uma queda abrupta de 9,7% e 8,2%, respectivamente, como resultado do acordo em maio. Juntos, Wesley e Joesley Batista controlam 42% da JBS.

A prisão dos Batista acontece após Joesley fornecer uma fita incriminatória ao Ministério Público em que ele aparentemente discute com o presidente Temer sobre pagamentos para comprar o silêncio de Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara.

Temer é alvo de uma investigação por parte do Ministério Público Federal. Nela constam testemunhos dos irmãos Batista, que alegam que subornaram o presidente com pelo menos US$ 4,6 milhões, possivelmente desde antes de 2010. Como recompensa, ganhariam lucrativos contratos governamentais, solucionariam questões tributárias com o governo e obteriam empréstimos do BNDES.

A notícia, bombástica, ganhou os noticiários no mundo todo – não apenas pela prisão, mas por seu impacto na produção da empresa que é a maior processadora de carne do mundo. O The New York Times destacou que algumas unidades da JBS suspenderam temporariamente as compras de gado após a prisão dos Batista. A duração da suspensão não está clara.

Mas este não é o primeiro escândalo de corrupção envolvendo a indústria de carne no Brasil.

Em março deste ano, a Polícia Federal realizou uma força-tarefa em uma dúzia de plantas de embalagem de carne, incluindo as da JBS. Concluída a “Operação Carne Fraca“, a fiscalização descobriu mais de 40 casos de suborno a políticos e autoridades para fazerem vista grossa em relação a práticas insalubres, como o processamento de carne vencida. A polícia encontrou as cabeças de porcos esmagadas e misturadas em salsichas, papelão misturado com carne de frango e produtos químicos injetados em carne para ocultar o cheiro de podridão. A vigilância também descobriu que algumas empresas manipularam certificados de exportação, inclusive para países como Espanha e Itália.

Destino de impressionantes 53% da carne bovina produzida no Brasil, China, Hong Kong, Egito e Chile impuseram embargos sobre as importações, contribuindo para a queda dos lucros da indústria.

Esses escândalos não são uma surpresa para os consumidores, já que a cultura da corrupção está intrinsecamente ligada à indústria da carne. Mas quem paga o preço final são os animais. Eles não apenas são violentamente abatidos, como a grande maioria ainda sofreu a vida inteira em criadouros imundos e cruéis.

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