Carne e pandemias: como a exploração de animais para alimentação é um prato cheio para novas doenças

Segundo relatório da ONU, 70% das novas doenças em humanos são de origem animal. Isso significa que o consumo de produtos de origem animal, como carne, ovos e leite, pode estar relacionado ao surgimento das pandemias. Mas você sabe por quê?

O problema começa com a destruição das florestas, que abre espaço para pastos e para a construção de galpões das fazendas industriais. Essa expansão da pecuária aproxima animais como porcos, galinhas e bois dos habitats de animais silvestres, como macacos, aves selvagens e morcegos.

A proximidade dos animais de fazenda com os animais da floresta facilita a transmissão de vírus entre eles. O vírus da febre amarela, por exemplo, saltou de macacos. Já os vírus influenza pulam de pássaros selvagens para galinhas, frangos, porcos e depois para as pessoas.

Para que os vírus se adaptem melhor aos seus hospedeiros (animais não-humanos ou humanos), eles sofrem mutações. É aí que a transmissão entre espécies ganha força e os vírus podem ficar ainda mais perigosos. Assim como aconteceu com o coronavírus.

Essas doenças infecciosas capazes de serem transmitidas entre espécies são chamadas de zoonoses. Gripe suína, incluindo a gripe espanhola, gripe aviária, AIDS, SARS e MERS, são exemplos de zoonoses.

 

O que a carne tem a ver com isso?

As granjas com galpões fechados, além de invadirem os habitats selvagens, são cenários extremamente propícios à proliferação de doenças. Afinal, os animais são confinados aos milhares em locais sujos e apertados, muitos deles passam a vida toda pisando nos próprios excrementos ou presos em gaiolas sem poder sequer andar, o que resulta em alto nível de estresse e aumenta potencialmente o risco de contaminação.

O vírus do Nipah foi identificado pela primeira vez entre criadores de porcos e funcionários de matadouros. O primeiro caso em humanos de H5N1, uma gripe aviária altamente patogênica, surgiu em conexão com um surto entre aves de criação. Um distúrbio neurológico humano semelhante à doença da vaca louca surgiu do consumo de carne de vaca contaminada. 

Pessoas infectadas com o vírus MERS relataram possuir ou ter visitado uma fazenda com camelos, cabras, ovelhas, galinhas e patos. Por fim, o primeiro grupo de casos identificados de COVID-19 está relacionado a um “wet market” na China, que vendia animais vivos ou recém-abatidos, incluindo aves, pangolins e morcegos.

Percebeu como explorar e consumir animais é muito perigoso?

 

A COVID-19 não será a última pandemia

Em 2020, pouco tempo após o início da pandemia de coronavírus, um vírus de gripe com potencial pandêmico foi detectado em funcionários da indústria da carne de porco na China, assim como uma variação de influenza em frigorífico de porcos no Paraná. Em fevereiro deste ano, a Rússia detectou casos de gripe aviária H5N8 em funcionários de uma granja. E os casos não terminam por aí.

Se queremos evitar que uma nova pandemia devastadora tome o mundo, é preciso, urgentemente, mudar a forma como produzimos e consumimos alimentos. Substituindo as carnes, os ovos e os laticínios por ingredientes vegetais, podemos ajudar a construir um mundo livre de exploração animal e muito mais seguro para a saúde de todos.. 

 

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