O Governo Federal anunciou a 5ª Conferência Nacional do Meio Ambiente (CNMA), um processo de participação social de grande alcance e impacto, com o objetivo de aprimorar as políticas ambientais brasileiras para os próximos dez anos
Mais de dez anos após a última CNMA, a nova edição terá como tema central a “Emergência Climática e os Desafios da Transformação Ecológica”, que se desdobra em em cinco eixos temáticos: (i) Mitigação; (ii) Adaptação e Preparação para Desastres; (iii) Justiça Climática; (iv) Transformação Ecológica; e (v) Governança e Educação Ambiental.
A 5ª Conferência contribuirá para a elaboração do Plano Clima, um instrumento que irá orientar as políticas nacionais sobre mudanças climáticas até 2035. Esse ambicioso plano será apresentado ao mundo na COP30, em Belém (PA), em novembro de 2025.
Uma das etapas desse processo são as Conferências Livres do Meio Ambiente, nas quais são elaboradas propostas e eleitas pessoas delegadas para participar da conferência estadual de meio ambiente ou, dependendo do seu alcance geográfico, diretamente da 5ª Conferência Nacional do Meio Ambiente em maio de 2025. Qualquer pessoa ou organização pode convocar uma conferência livre, desde que cumpram os critérios estabelecidos pelo Ministério do Meio Ambiente.
A Importância da Transformação dos Sistemas Alimentares para mitigar a Crise Climática
A conferência livre “Mudar a Alimentação para Não Mudar o Clima” abordará o papel central da transformação dos sistemas alimentares no enfrentamento das mudanças climáticas.
Atualmente, os sistemas alimentares respondem por cerca de 33% das emissões mundiais de gases do efeito estufa (GEE). No Brasil, esse número chega a 74%, deixando evidente que, no contexto brasileiro, debater ação climática exige que se leve em consideração o impacto climático da produção e do consumo de alimentos. Outro fato que convida a uma urgente e séria reflexão é o de que, no Brasil, a produção de alimentos de origem animal corresponde a 80% do montante das emissões decorrentes do sistema alimentar. Em razão desses e outros números preocupantes, especialistas do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) têm advertido que, sem significativas reduções de emissões de GEE dos sistemas alimentares, a meta do Acordo de Paris de manter a elevação da temperatura global abaixo de 1.5 °C não será atingida.
Além da pegada de carbono, as pegadas ecológica e hídrica dos sistemas alimentares representam sérias ameaças à realização dos objetivos do desenvolvimento sustentável. A cadeia de produção e consumo de alimentos é responsável por 80% do desmatamento e por 70% do consumo de água doce disponível ao redor do mundo. Também é uma fonte significativa de poluição na forma de dejetos, antibióticos e bactérias multirresistentes, oriundos da exploração de animais para a produção de alimentos, bem como de agrotóxicos empregados em monoculturas, grande parte das quais destina-se à alimentação de animais mantidos em confinamento.
A alocação ineficiente dos recursos naturais em sistemas alimentares voltados à produção de alimentos de origem animal contribui ainda para a insegurança alimentar e a pobreza, uma vez que terras e água que poderiam ser utilizadas para a produção de alimentos para consumo humano direto são desviados para a produção de alimentos para animais.
Por todas essas razões, uma transformação radical dos sistemas alimentares rumo à sustentabilidade é urgentemente necessária.
Mudar a alimentação para não mudar o clima
A conferência livre “Mudar a Alimentação para Não Mudar o Clima” foi organizada para debater e construir soluções ambientalmente sustentáveis e socialmente justas para a mitigação e a adaptação às mudanças climáticas, tendo como premissa básica a transformação de padrões de produção e consumo de alimentos. Além disso, a conferência discutirá e proporá medidas voltadas à educação, tendo em vista a importância da promoção de hábitos, atitudes e comportamentos que apoiem a transformação dos sistemas alimentares.
Participe da conferência livre:
Data: 10/12/24
Horário: Das 9h às 17h (com intervalo para almoço)
Evento online e gratuito
Para se inscrever, clique aqui.