5 motivos para se tornar vegano também pelo meio ambiente

Além da crueldade animal, uma das mais sérias consequências do consumo de carne, leite e ovos são os graves impactos ambientais que sua produção causa. Um levantamento do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) em conjunto com a Agência Alemã para a Cooperação Internacional (GIZ) mostrou que, para cada R$1 milhão faturado pela pecuária, são gerados R$22 milhões em impactos ambientais.

É inegável que o planeta não tem mais condições de suportar a produção de alimentos da forma como é hoje. Vamos apresentar alguns dados sobre as diversas facetas desse problema para provar isso.

Efeito estufa


A pecuária é responsável por 15% do total das emissões de gases de efeito estufa, superando até mesmo as emissões causadas pelo transporte. O problema é tamanho que um simples hambúrguer de carne de cerca de 200g libera na atmosfera tantos gases de estufa em sua produção quanto dirigir um carro por 16 km.

Apenas três companhias de exploração animal — JBS, Cargill e Tyson — foram responsáveis, em 2016, por emissões de gases de efeito estufa superiores à de toda a França e quase se igualaram ao nível de algumas das maiores companhias de petróleo, como Exxon, BP e Shell. Se as 20 maiores empresas de carne e laticínios do mundo fossem um país, elas seriam o sétimo maior emissor de gases de efeito estufa do mundo.

Apesar da pecuária ser um dos maiores problemas, não é o único. Uma pesquisa divulgada recentemente pela Universidade de Oviedo, na Espanha, revelou que cada dúzia de ovos tem o mesmo impacto que 2,7 kg de CO2 no meio ambiente.

Desmatamento e uso da terra


Pasmem: 75% das terras agricultáveis do planeta são usadas para pastagem e produção de ração para a pecuária. Muitas dessas áreas são resultado de desmatamento de florestas nativas. No Brasil, segundo a ONU, mais de 80% do desmatamento entre 1990 e 2005 foi provocado para consumo de carne.
Não há terra, água e insumos suficientes para produzir carne, leite e ovos para alimentar a população mundial crescente nos próximos anos. A conta não fecha: como a pecuária tira tanto do planeta se nos dá tão pouco retorno? O próximo tópico explica isso.

Desperdício de alimentos

Metade de toda proteína produzida no mundo é usada como ração. No Brasil, esse número é ainda mais alarmante. Por aqui, 79% é transformada em ração, enquanto apenas 16% é destinada à alimentação humana. Então, apesar de ocupar vastos espaços de terra que antes eram florestas nativas e a maior parte das terras férteis do planeta, as carnes e derivados representam apenas 12% das calorias consumidas globalmente.

E o que acontece com esse alimento que é destinado aos animais? Vacas, porcos e galinhas consomem muito mais alimento do que produzem. Em média, um animal consome cerca de 10 mil calorias e produz apenas mil calorias sob a forma de carne — um desperdício de 90% do alimento consumido.

E, novamente, o problema não é apenas a pecuária. Um estudo publicado no Proceedings of the National Academy of Sciences mostrou que a mesma área em que se produz 100g de proteínas de fontes vegetais, se usada para a produção de ovos, produziria apenas 60g de proteínas. A comparação é ainda pior quando se trata das proteínas produzidas na mesma área para a produção de carne de frango (50g), leite (25g), porco (10g) e boi (4g). Ou seja, no melhor cenário, estamos desperdiçando 40% de proteínas ao optar por produtos de origem animal. E ainda perguntam para veganos de onde tiramos nossas proteínas!

Uma simples redução de 50% no consumo de carnes aumentaria a quantidade de calorias disponíveis para consumo humano em cerca de 25% — o suficiente para alimentar quase 2 bilhões de pessoas a mais no planeta. Uma pesquisa recente descobriu que se os Estados Unidos se tornassem veganos, o país poderia alimentar, além de sua própria população inteira, um adicional de 390 milhões de pessoas. Nada mal, hein?

Desperdício e poluição da água


O setor agrícola é o que mais usa recursos hídricos, segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e para a Agricultura (FAO), sendo responsável por nada menos que 70% do consumo de água mundial em 2016 — e a gente já sabe que a maior parte absoluta da produção agrícola é destinada à produção animal, certo?

A produção de 1kg de carne bovina exige, em média, mais de 15 mil litros de água, de acordo com a organização internacional Water Footprint. Para produzir a mesma quantidade de cereais, por exemplo, são necessários apenas 1644 litros. Outras carnes, como de porco e frango, ainda que consumam menos água para sua produção, ainda apresentam um gasto bastante superior às alternativas vegetais.

É por isso que veganos poupam 2250 litros de água por dia! Para se ter uma base de comparação, um banho de 15 minutos, por exemplo, gasta 135 litros.

A poluição da água também é um problema sério e negligenciado causado pela produção animal. Mas, quando cria a maior zona morta da Zona do Golfo, como noticiado em agosto de 2017, fica difícil continuar ignorando: as toxinas das fazendas, incluindo excrementos e fertilizantes, vazaram e chegaram até a água, promovendo o crescimento desequilibrado de algas, que por sua vez criaram uma zona privada de oxigênio em que não existe mais nenhum tipo de vida marinha. Segundo o relatório da organização ambientalista Mighty, a grande responsável pela poluição foi a gigante Tyson, uma das maiores produtoras de carne do mundo — que estaria despejando mais produtos tóxicos nas vias aquáticas do que empresas como ExxonMobil (empresa multinacional de petróleo e gás) e a Dow Chemical (líder em químicos para mercado de eletrônicos, embalagens, energia e tintas e revestimentos). Apenas em 2014, a Tyson e suas subsidiárias descarregaram mais de 9 toneladas de poluentes nas águas, apenas nos Estados Unidos e sem considerar todo o processo produtivo das fazendas que fornecem para a empresa. Se isso acontece com uma das maiores empresas do mundo, em um país desenvolvido, é de se esperar que as práticas sejam igualmente terríveis em outros lugares, inclusive no Brasil.

Perda da biodiversidade


Três pontos mencionados anteriormente têm impacto direto na biodiversidade:
  • O aquecimento global causado sobretudo pelas emissões de gases de efeito estufa pela produção animal é responsável pela degradação de ecossistemas inteiros;

  • O desmatamento de áreas enormes de floresta nativas compromete a sobrevivência de diversas espécies, sobretudo na Amazônia, seja pela perda de seu espaço, seja pela escassez de alimentos. De acordo com o ecologista Brian Machovina, “a perda de habitat é tão grande que causará mais extinções do que qualquer outro fator”. Isso para não falar que, todos os anos, milhares de animais selvagens, incluindo lobos, ursos, lontras, onças, cachorros do mato, jaguatiricas e coiotes, são mortos porque são vistos como uma ameaça para as indústrias de exploração animal, por matarem o gado que, diga-se de passagem, foi colocado em seu habitat natural;

  • O mesmo acontece pela poluição de rios e oceanos, que criam zonas mortas, como já mencionadas.
A questão da biodiversidade dos oceanos é particularmente crítica, e tem uma razão para isso: a indústria da pesca. Primeiro, por causa da captura acidental. Os navios pesqueiros retiram dos oceanos muito mais do que a natureza é capaz de repor, e matam muito mais do que os peixes destinados à alimentação, como mostrado em investigação realizada por uma coalizão de ONGs da qual a Mercy For Animals faz parte. A indústria da pesca comercial mata cerca de 50 milhões de tubarões dessa forma a cada ano, dizimando ainda diversas outras espécies. As populações de tubarões-negro caíram 85% devido à captura acidental.

Segundo, a indústria da pesca deixa um rastro de lixo que dizima as espécies marinhas e contamina os animais com plástico. A estimativa é que uma tonelada de equipamentos seja descartada nos oceanos a cada minuto, o que faz com que mais de 100 mil animais marinhos como baleias, golfinhos, focas, tartarugas e aves marinhas morram por ano por causa desses dejetos, seja presos nos equipamentos de pesca, seja por se alimentarem de lixo por engano. Esses materiais são responsáveis pelo declínio de cerca de 30% da vida marinha dos oceanos.

Centenas de milhares de golfinhos, botos, tartarugas e baleias, incluindo as ameaçadas baleias jubarte, morrem todos os anos depois de ficarem presos em equipamentos de pesca.


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