Desde dezembro, quando o primeiro navio com destino à Turquia embarcou levando 27 mil bois e vacas, temos denunciado as péssimas condições e os maus-tratos que os animais sofrem nesse tipo de viagem, que pode durar até 30 dias.
A viagem desses bois pode durar até 30 dias e causa intenso sofrimento aos animais: eles passam dias, e em alguns casos até semanas, dentro da carroceria de caminhões ou em navios, sem espaço para andar ou deitar, sem segurança, sob calor e frio intensos, envoltos em fezes e urina, sem acesso a água ou ração adequadas. Alguns chegam feridos ou até mortos ao destino.
Agora, quando mais 27 mil animais foram embarcados para o mesmo destino, finalmente o assunto virou tema de debate público. A Minerva, responsável pela exportação, foi multada pela Secretaria do Meio Ambiente de Santos em R$ 1.469.118 por irregularidades no transporte dos animais e, depois, em mais R$ 2 milhões após cheiro de estrume se espalhar por Santos. Uma decisão judicial a nível estadual proibiu a exportação dos animais pelo Porto de Santos. E, agora, uma decisão do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, baseada no laudo de uma veterinária, proibiu a exportação de animais vivos em todos os portos do país e determinou que os animais já embarcados em Santos retornem às suas fazendas de origem.
O laudo revelou a terrível realidade dos animais dentro do navio Nada, ainda atracado no Porto de Santos — em fotos e descrições. Selecionamos algumas das partes mais impactantes, nas palavras da veterinária Magda Regina:

“A imensa quantidade de urina e excrementos produzida e acumulada nesse período propiciou impressionante deposição no assoalho de uma camada de dejetos lamacenta. O odor amoniacal nesses andares era intenso tornando difícil a respiração”

“Os dejetos acumulados pelo processo de limpeza tem então o seu conteúdo descartado, sem qualquer tratamento, ao mar”

“Os animais são alocados em grupos (em baias ou bretões), em espaços exíguos, por exemplo, totalizando dimensões menores que 1 metro quadrado por indivíduo”

“Tanto nos caminhões como dentro das baias da embarcação marítima o movimento dos animais é seriamente comprometido”

“O transporte marítimo de carga viva não contempla a possibilidade de saída dos animais de suas baias de confinamento até o seu destino de chegada, impedindo assim qualquer tipo de descanso ou passeio para o animal”

“O modo como são acondicionados e transportados sujeita o animal a contato íntimo com seus dejetos e os dejetos de outros animais”

“Os animais são submetidos na embarcação a “severa poluição sonora” em ambientes onde verificadas elevadas temperatura e taxas de umidade extremas “que comprometem claramente o bem estar dos animais”

E para que a proibição de exportar animais vivos seja definitiva, diversas ONGs e ativistas estão organizando um grande ato contra a exportação de animais vivos nesse domingo (4). Clique aqui para saber mais e confirmar presença.