A indústria da carne está promovendo um dos maiores crimes da história da humanidade

The Guardian, um dos maiores jornais do mundo, chamou a atenção para o rumo desastroso que a domesticação de animais para abate tomou desde o fim do nomadismo. Desde a Idade da Pedra, o homo sapiens vem causando verdadeiros desastres ecológicos na Terra. Quando chegou à Oceania, há 45.000 anos, o homem dizimou 90% de todas as espécies grandes terrestres. Quando chegou às Américas, há 15.000 anos, 75% das espécies mamíferas sumiram do continente. Segundo a matéria do The Guardian, calcula-se que, antes mesmo de assentar a primeira fazenda para cultivo ou de ter escrito o primeiro texto, o homem já havia dizimado pelo menos 50% de todos os mamíferos terrestres do globo.

O homem sempre se destacou pelo aspecto da destruição, mas o grande marco de todo esse processo ocorreu mesmo a partir do momento em que o homem deixou o nomadismo para começar a desenvolver a agricultura e assentar as primeiras cidades. Até então, não existia o conceito de animais domesticados. A situação parecia “normal” e sob controle na época, quando apenas alguns mamíferos e pássaros eram domesticados enquanto milhares de espécies ainda viviam na natureza. Hoje, mais de 90% de todos os grande animais terrestres são domesticados (e encontram‐se confinados e com o tempo de vida contado).

Nós baseamos todo nosso padrão de consumo em uma prática pré-histórica e totalmente desnecessária nos dias de hoje, em proporções avassaladoras dos pontos de vista ético, ambiental e social.

O grande problema é que essa necessidade do homem nômade nunca foi revista e repensada e acabou sendo considerada como padrão. Quando indústrias começaram a explorar essa atividade visando ao lucro, a ética foi totalmente deixada de lado e grandes mitos culturais e nutricionais começaram a ser criados.

Os animais domesticados da indústria da carne herdaram muitos aspectos e necessidades físicas, emocionais e sociais de seus ancestrais, mas essas necessidades são absolutamente ignoradas pelos produtores de carne. Os animais sofrem atrocidades inimagináveis, são trancados em gaiolas extremamente pequenas, têm seus bicos cortados, são castrados sem anestesia, têm seus filhotes separados no momento de seu nascimento.

Na indústria do leite e do ovo, os filhotes machos não têm qualquer utilidade. Em muitas unidades produtivas, os pintinhos são colocados vivos em uma esteira que desemboca em um triturador.

Esses animais passam por situações de extremo pavor, pânico e dor e são forçados a continuar se reproduzindo para alimentar uma indústria eticamente doente.

Uma necessidade moldada pelo homem milhares de anos atrás continua sendo tomada como padrão mesmo não havendo nada que justifique tal necessidade nos dias de hoje. A indústria da carne baseia‐se em valores da época do nomadismo e ignora toda e qualquer necessidade dos animais, submetendo-os a uma vida absolutamente miserável e cruel.

A frivolidade do padrão de vida do homem hoje exige que 70 BILHÕES de animais sejam abatidos anualmente , fazendo com que a maioria dos grandes animais terrestres – animais sensíveis, com emoções, sentimentos e necessidades – sejam forçados a viver em uma linha de produção industrial como se fossem apenas objetos. Se a indústria da carne não fosse financiada pelo consumo da maioria da população, esse holocausto já teria sido banido.

A matéria do jornal britânico destaca uma frase do filósofo australiano Peter Singer, autor do livro “Libertação Animal”, que diz, “A indústria da carne é responsável por mais dor e miséria do que todas as guerras da humanidade juntas”.

Quando mudamos nossa perspectiva de como nos relacionamos com o outro, com os animais e com o planeta, chega o momento de abandonarmos o consumo animal e adequarmos nossas atitudes de forma mais coerente com o que queremos ver no mundo. Um ambiente de mais tolerância, de menos violência e de paz.

Não podemos ficar presos a conceitos e padrões absolutamente ultrapassados e desnecessários. Temos a possibilidade de rever tudo que fazemos, buscar uma nova forma de nos relacionarmos e caminhar em direção a uma nova etapa de conscientização, absolutamente indispensável para um mundo de menos violência.