A primeira e última viagem dos animais explorados para abate

Animais criados para o consumo humano, tanto os que são criados por sua carne como os criados por seu leite, ovos e lã, sofrem severas restrições em sistemas de confinamento, diversas doenças, práticas dolorosas, mutilações sem uso de anestésicos e analgésicos e outras tantas práticas cruéis durante o período em que ficam nas fazendas. Depois de uma vida de sofrimento, quando estão prontos para serem abatidos ou quando não têm mais utilidade (porcas reprodutoras, galinhas poedeiras, vacas, cabras e ovelhas leiteiras etc), são transportados até o local em que serão abatidos. Se já não bastasse tanto sofrimento dentro das fazendas, o sofrimento continua durante todo o processo do transporte.
No final, o destino é sempre o mesmo: o abate

Apenas no Brasil, são abatidos cerca de 7 bilhões de animais por ano, contabilizando apenas bovinos, suínos e aves, ou seja, peixes e outros animais não entram nessa conta. No final, todos os animais de produção um dia serão enviados aos abatedouros, mesmo aqueles criados para produção de leite, ovos, lã etc. Esses animais são transportados pelas rodovias do país até os abatedouros.

Durante esse caminho até a morte, animais como bovinos e suínos passam por muitas situações extremamente estressantes e dolorosas. O embarque dos animais nas fazendas muitas vezes é feito de forma agressiva, com uso de choque em várias partes do corpo, especialmente em áreas sensíveis, como ânus e olhos. Outras ocorrências frequentes são empurrões, pauladas (em muitos casos são utilizados paus com ponta de material perfurante como pregos), quedas, fraturas, pisoteamento e brigas entre os animais.

Para frangos e galinhas a situação também pode ser muito desumana. São colocados em caixas de transporte, muitas vezes carregados pelos pés, pescoço e asas – o que ocasiona fraturas, traumas e lesões que causam do extremar. Ainda, quando colocados nas caixas de transporte, por vezes têm seus membros ou cabeças cortadas no momento em que a tampa é fechada.

Mas a história não para por aí. Além de todos os problemas no momento do embarque, durante a viagem as aves enfrentam outros desafios, como superlotação (ficam espremidos em caminhões ou caixas), chuva, sol, calor, freadas bruscas e acidentes. O calor extremo e a condição de superlotação das caixas e caminhões podem matar, assim como freadas bruscas e acidentes podem lesionar os animais seriamente, também levando à morte.

No caso do acidente com os porcos do Rodoanel – que na verdade eram porcas reprodutoras, descartadas quando cai sua ‘produtividade’ em parir leitões –, ficou evidente o descaso dos responsáveis em relação aos animais. Essas porcas foram deixadas agonizando por horas dentro do caminhão, sem nenhum tipo de socorro ou ação de emergência pelo frigorífico responsável. Acidentes como esse não são tão raros quanto pensamos mas, como não é sempre que acontecem em lugares de grande fluxo como o Rodoanel, a maioria não é noticiada e não recebe atenção do grande público.

Existem também os animais que são transportados para outros países, especialmente em barcos. Esse transporte é conhecido como “transporte de boi em pé” e submete os animais a sofrimento severo. Em muitos casos, são semanas sendo transportados em pé, sem o mínimo cuidado, sujeitos a práticas dolorosas e até mesmo sem acesso a água por vários dias. Chegando no país de destino, muitas vezes são abatidos sem nenhum tipo de insensibilização, ou seja, são golpeados e agonizam conscientes até a morte. Além disso, acidentes com essas embarcações também acontecem, como foi o caso do Vila do Conde (Pará), onde cerca de cinco mil bois morreram afogados quando um navio afundou em Setembro de 2015 (imagem abaixo).


Quando chegam ao frigorífico, o sofrimento está longe de terminar e o uso de técnicas de manejo erradas pode ocasionar quedas, fraturas e lesões. Práticas dolorosas, como o choque, ainda são frequentes em muitos estabelecimentos brasileiros. Embora a indústria da carne insista em dizer que o abate é ‘humanitário’, ou seja, sem sofrimento, a realidade não é bem assim. Apesar dos programas de treinamento ‘humanitário’, que existem em alguns – não em todos – frigoríficos brasileiros, sabe-se que falhas ocorrem e, com elas, a dor e o sofrimento dos animais. Dentro das estruturas dos frigoríficos, os animais estão conscientes no momento do abate (muitas vezes, até mesmo depois disso, ou seja, no momento em que têm suas gargantas cortadas para um processo chamado ‘sangria’). Sendo assim, são capazes de perceber e sentir toda a dor envolvida nesse processo. Isso é sem sombra de dúvidas um sentimento horrível para eles. Sem contar os abates clandestinos, que acontecem em todo o país, ou os abates que acontecem nas fazendas em que os animais são mortos sem nenhum tipo de insensibilização, ou seja, estão plenamente conscientes. Muitas vezes, a forma de abate é extremamente violenta e dolorosa, por meio de marretadas ou facas enfiadas em suas gargantas ou corações.

A única forma possível de conter essa indústria de tortura e morte é parando de financiá-la.

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