5 coisas para responder quando te dizem para salvar crianças ao invés de animais

A gente que é vegano sabe que mudar nossos hábitos alimentares fez abrir uma caixa de Pandora de comentários sem lógica a respeito da nossa escolha. Enquanto a gente comia alimentos que causavam diversos problemas de saúde, danos ambientais incalculáveis e sofrimento de milhares de animais, estava tudo bem na nossa cabeça.

Não que em algum momento eu sequer tenha passado perto de desistir, pelo contrário, me tornar vegana foi a melhor decisão que eu já tomei na vida! Mas às vezes é um pouco chato ter que responder verdadeiros inquéritos para lá de tendenciosos quando tudo que você queria era comer aquele delicioso hambúrguer de grão-de-bico sossegada e em paz.

Uma das perguntas mais frequentes é: “por que você não se preocupa com as crianças abandonadas ao invés de se preocupar com os animais?”. E, vamos combinar, em geral quem pergunta esse tipo de coisa geralmente nem sequer faz algo por elas.

Quando isso acontece, a gente agradece a oportunidade de explicar e falar sobre o veganismo e sobre como esse estilo de vida representa a superação de uma série de opressões e desigualdades. E é aí que você vai começar a discorrer sobre:

1. Como uma coisa não exclui a outra

Veganos, em geral,acreditam que uma causa não exclui a outra, que se preocupar com animais é justamente sinal de que não existe opressão mais ou menos importante, e que todas devem ser combatidas concomitantemente. Nós nos preocupamos com todos, inclusive com as crianças, e ficamos felizes que diversas ONGs e instituições se dediquem a essa causa. Acreditamos que o mundo só será mais justo quando todos forem livres, e isso inclui crianças, animais e diversos outros grupos.

2. Ao controlar o aquecimento global, ajudamos as pessoas

A pecuária é responsável por 15% do total das emissões de gases de efeito estufa, superando até mesmo as emissões causadas pelo transporte a nível mundial, o que a coloca no triste posto de maior responsável pelo aquecimento global. No Brasil, 98% dos gases de estufa emitidos por gêneros alimentícios são de produtos de origem animal.

Quando reduzimos as emissões desses gases ao tirar a carne do nosso prato, ajudamos a controlar os efeitos devastadores do aquecimento global. E dessa forma evitamos o aparecimento de refugiados climáticos, que são pessoas forçadas a deixar o lugar onde vivem por causa de eventos climáticos como chuvas, enchentes, ondas de calor, secas, escassez de alimentos e outros recursos e conflitos e guerras por esses recursos. Quando conseguem migrar, vão para seus novos lares em situação de extrema vulnerabilidade, expostas a riscos como prostituição forçada, trabalho análogo ao escravo, tráfico de pessoas, fome, desemprego, xenofobia.

3. Ao não comermos carne, ajudamos a combater a fome

Metade de todos os grãos no mundo é usado como ração. No Brasil, esse número é ainda mais alarmante. Por aqui, 79% da proteína produzida é transformado em ração, enquanto apenas 16% é destinada à alimentação humana. Então, apesar de ocupar vastos espaços de terra que antes eram florestas nativas e 75% das terras agricultáveis do planeta, as carnes e derivados representam apenas 12% das calorias consumidas globalmente. Ou seja, elas nos custam muitos recursos vegetais e o retorno em alimento é muito baixo: em média, um animal consome cerca de 10 mil calorias e produz apenas mil calorias sob a forma de carne — um desperdício de 90% do alimento consumido.

Enquanto isso, segundo a Unicef, 22 milhões de crianças passam fome e 1,4 milhão está em risco iminente de morte em 4 países. Imagina que mágico seria se tudo que a agricultura produz fosse direcionado para alimentar pessoas e não os 980 milhões de porcos, 19,6 bilhões de galinhas e 1,4 bilhão de cabeças de gado do mundo? O vegetarianismo tem o poder promover essa mudança.


4. Por uma alimentação mais saudável

Quando adotamos e defendemos uma alimentação sem carne, leite ou ovos, estamos instruindo as pessoas a terem uma dieta mais saudável, reduzindo o risco de desenvolvimento de doenças como câncer, diabetes, doenças cardíacas e hepáticas, entre outras. Nem precisamos dizer que famílias inteiras seriam poupadas da morte precoce e perfeitamente evitável de um parente querido, e que criaremos uma geração inteira mais saudável, o que certamente favorece as crianças.

5. Tirando o trabalho escravo do menu

Quando defendemos o boicote à indústria de exploração animal, estamos lutando também contra o trabalho escravo. Dados de 2016 mostram que a pecuária foi a atividade da qual mais se resgataram trabalhadores em situação análoga à de escravo no Brasil. Além disso, estamos ajudando a desmantelar uma indústria que lucra ao colocar trabalhadores em risco de vida com seus frequentes vazamentos de amônia, amputações, jornadas exaustivas e ilegais, baixíssimos salários e terríveis condições de trabalho. É dessa forma que o vegetarianismo evita que uma geração inteira de crianças, quando crescerem, acabem exploradas em trabalhos que expõem seres humanos a riscos seríssimos à sua saúde e integridade física e mental, ou que percam pais e mães em atividades insalubres nos frigoríficos.

Enfim, com esses dados, queremos apenas ressaltar que tudo está interligado e que o que nós comemos é uma decisão política que tem impactos sérios em questões de justiça social. Uma luta não exclui a outra, pelo contrário, todas se complementam!

Se você está convencido de que parar de comer carne, leite e ovos é o melhor para os animais, para o meio ambiente, e também representa avanços importantes para diversos grupos em situação de vulnerabilidade, clique aqui para saber como começar uma dieta vegetariana agora.