Novo vírus com potencial pandêmico é detectado em funcionária de frigorífico de porcos no Paraná

No início de julho, a Organização Mundial da Saúde (OMS) emitiu um alerta informando sobre uma nova variação do vírus influenza A H1N2 detectada em uma mulher de 22 anos que trabalha em um matadouro de porcos em Ibiporã, no Paraná.

Em entrevista ao jornal O Globo na última segunda-feira (27), Marilda Siqueira, chefe do Laboratório de Vírus Respiratórios e Sarampo do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), comentou que, assim como o coronavírus, essa rara variação do influenza também tem grande potencial pandêmico. “Os vírus influenza são muito contagiosos, e, sempre que um novo emerge, causa preocupação porque a população não tem imunidade contra ele”, disse ao jornal.

Essa variação do vírus influenza é diferente das demais já encontradas no mundo e a Fiocruz está buscando outros possíveis casos, analisando cerca de 3 mil amostras de moradores da região que tiveram doenças respiratórias. A jovem que contraiu o vírus teve quadro gripal leve e já está totalmente recuperada, mas, segundo Marilda, “o Brasil precisa estar alerta”.

O vírus influenza se adapta bem aos porcos, que facilitam o “rearranjo” dos genomas e levam a mutações. É comum que, com essas mutações, os vírus ganhem a capacidade de “pular” de espécies, como aconteceu no caso da mulher que trabalhava em um frigorífico de porcos em Ibiporã. A transmissão entre espécies ainda é facilitada devido ao grande número de pessoas, animais e carcaças presentes nas instalações da indústria da carne. “É assim que as gripes emergem. E não foi a primeira vez”, explica a virologista ao O Globo.

Casos como esse deixam claro que, para conter uma próxima pandemia, é preciso mudar o atual sistema alimentar urgentemente. As fazendas industriais e abatedouros são ambientes propícios para o surgimento de novas doenças. Segundo o relatório World Livestock 2013 da FAO, 70% das novas doenças em humanos têm origem animal.

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