Nos últimos meses o Amazonas, estado mais úmido do Brasil, tem passado por uma seca intensa e uma das maiores já registradas na história. 42 dos 62 municípios amazonenses decretaram estado de emergência, enquanto 18 estão em estado de alerta e apenas 2 municípios se encontram em estado de normalidade.
Apesar da presença do fenômeno El Niño intensificar a seca na Amazônia por conta do aumento das temperaturas do Oceano Pacífico, o desmatamento, provocado pela agropecuária, foi apontado como a principal causa, segundo o Ibama.
Impactos da agropecuária na seca da Amazônia
Um novo estudo da Mapbiomas, revelou que a Amazônia é atualmente o bioma com maior área de pastagens no Brasil. O avanço constante das pastagens sobre vegetação nativa ocorre por meio do desmatamento, que está relacionado às queimadas.
De acordo com pesquisa publicada na Nature Ecology & Evolution, junho de 2023 teve o maior pico de incêndios desde 2007.
Já no segundo semestre do ano, dados atuais do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais registraram aproximadamente 504 focos de queimadas no Amazonas em apenas dois dias.
Na segunda semana do mês de outubro, a cidade de Manaus ficou coberta por fumaça cinza, reduzindo cada vez mais a qualidade do ar e colocando a população de muitos outros municípios no entorno em situação de risco.
O controle da crise climática no Amazonas fica ainda mais difícil de ser mantido devido a falta de acesso a dados da pecuária no estado por parte de órgãos públicos, em específico autoridades públicas de conservação e policiamento ambiental, como o Ibama e o ICMBio, impedindo a fiscalização das atividades e combate ao desmatamento.
Estudos já previam seca e estiagem intensos na Amazônia
Já não é de hoje que pesquisadores apontam dados alarmantes sobre as condições climáticas no estado do Amazonas, bem como não é recente os desmatamentos e queimadas.
A pecuária na região teve início em 1900 e já em 1990 a atividade passou a ser a principal responsável pelo desmatamento das grandes áreas, no entanto, com o passar dos anos, a frequência se torna cada vez maior. Enquanto em 2008 a área desmatada era de 63 km², em 2023 foram registrados 325 km².
No primeiro trimestre de 2022, uma pesquisa publicada na revista científica Nature Climate Change mensurou que, com mais de 75% da floresta amazônica perdendo resistência, o bioma pode estar cada vez mais perto do chamado ponto de não retorno e se tornar um “ecossistema degradado”. Isso acontece porque, com o calor e seca intensos, florestas queimam com maior frequência, as vegetações ficam mais secas e o tempo de recuperação se torna mais demorado.
O aquecimento global pode levar a Amazônia a se transformar em uma savana de modo irremediável e não há de se prolongar, a previsão para que isso aconteça caso nenhuma medida seja tomada é de 2050, segundo relatórios mais recentes do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima).
Os efeitos da crise climática na Amazônia
O desmatamento promovido pela pecuária na Amazônia, agrava a crise climática, isolando cidades inteiras pela seca dos rios, afetando aproximadamente 500 mil pessoas, incluindo famílias que se sustentam da agricultura e comunidades ribeirinhas, que ficam sem acesso a alimentos e medicamentos. A seca e o aumento sem precedentes da temperatura das águas também pode estar associado à morte de diversos animais aquáticos na região, como o boto rosa e o tucuxi, além de outros animais terrestres pelas vegetações secas, como bois e vacas e diversas outras espécies que vivem na floresta.
Segundo estudo da Fundação Oswaldo Cruz, o processo de savanização da Amazônia coloca em risco toda a biodiversidade na região, incluindo graves riscos para a espécie humana, já que a degradação desse ecossistema causa a elevação de temperatura, incompatível com a vida. O atual cenário exige ações urgentes para adaptação e mitigação desses riscos, caso contrário milhões de pessoas serão forçadas a migrar da região.
A pecuária é a grande responsável pelas crises que vêm acontecendo no Amazonas e você pode ajudar a apoiar a causa ambiental e mudar essa realidade. Considere adotar uma alimentação vegetal e engaje-se com a gente na transformação do sistema alimentar para que ele seja sustentável para todos os seres e o planeta.
Fontes:
https://www.wwf.org.br/?86961/Seca-extrema-na-Amazonia-pode-se-agravar-e-bater-recorde-historico
https://imazon.org.br/imprensa/linha-do-tempo-entenda-como-ocorreu-a-ocupacao-da-amazonia/
https://imazon.org.br/imprensa/desmatamento-na-amazonia-cresce-7-e-tem-o-pior-fevereiro-em-16-anos/