MFA lança documentário narrado por Laila Zaid em audiência pública na ALESP sobre exportação de animais vivos.

Documentário conta a história de “Elias: o boi que aprendeu a nadar”, que carrega grande símbolo para a causa animal

No dia 31 de agosto, foi realizada uma nova audiência pública na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo (ALESP) para discutir o projeto de nº 31/2018, que tem como objetivo proibir o transporte de animais vivos por via marítima.

A sessão foi presidida pelo deputado Carlos Giannazi e teve como convidados:

  • George Sturaro, gerente de investigações da Mercy For Animals no Brasil, que abordou riscos e impactos econômicos da exportação de animais vivos para a atividade portuária
  • Letícia Filpi, advogada –  ACP do Porto de SB – que falou sobre direito animal e impactos ambientais. 
  • Feliciano Filho, ex-deputado estadual e autor do PL 31/2018, que proíbe a exportação de animais vivos em todo Brasil.
  • Maiara Velez, advogada da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SP)
  • Marcus Fuly, vereador e presidente da câmara municipal de São Sebastião 
  • Paula Cardoso, vice-presidente jurídica da Mercy For Animals no Brasil, que fez a leitura da carta do Prof. Laerte Levai
  • Cristina Mendonça, diretora executiva da Mercy For Animals no Brasil 

A audiência pública levantou argumentos contra a exportação de animais vivos por via marítima, tendo como destaque a atividade realizada no porto público de São Sebastião, o terceiro maior porto do Brasil.

A atividade de exportação de animais vivos em São Sebastião causou extrema comoção de moradores ao se depararem com cenas de animais amontoados em caminhões rumo ao Porto. Ativistas da cidade estiveram presentes na sessão para demonstrarem o seu compromisso em cobrar parlamentares para o banimento da exportação de animais vivos no Porto de São Sebastião e no Brasil. Um dos principais estopins por toda a movimentação foi o caso de um dos bois que nadou em alto mar para fugir dos navios de transporte. Ele nadou por 10km, foi encontrado por moradores da região e ficou conhecido por boi Elias. A história foi narrada pela atriz Laila Zaid no novo documentário “Elias: o boi que aprendeu a nadar“, produzido pela Mercy For Animals no Brasil, com cenas e depoimentos exclusivos de moradores de São Sebastião e especialistas nos impactos da atividade de exportação de animais vivos no Brasil. O lançamento foi realizado durante a audiência pública e já está disponível no canal do YouTube da MFA Brasil. Assista já para entender melhor todo o sofrimento que esses animais vivem desde o embarque até momentos finais em seu destino.

Além da defesa animal também foram apresentados dados relevantes sobre os impactos ambientais, sociais e econômicos negativos da exportação de animais vivos por via marítima. 

O Porto de São Sebastião está localizado entre 6 das unidades de conservação mais relevantes mundialmente e a atividade de exportação, independente do tipo de carga, já pode, naturalmente, trazer ameaças ambientais. A advogada Letícia Filpi alerta:

“A exportação de animais vivos nesse Porto até o momento em que eu propus essa ação ela não tinha sequer EIA/RIMA, ou seja, ela não tinha sequer licença ambiental, ela não tinha estudos de impacto ambiental, uma atividade que ela não é potencialmente causadora de impactos ambientais, ela é provavelmente uma causadora de danos ambientais irreversíveis”.

Também foi apresentado por George Sturaro que a frota de navios para transporte de animais vivos representa risco duas vezes maior de naufrágio que outros tipos de navios cargueiros, já que a maior parte dessa frota é composta por navios que não foram originalmente projetados para essa atividade e são considerados navios sucata. Além de serem muito antigos, também sofrem de instabilidade. Um dos casos de naufrágio foi do navio Haidar, que transportava cinco mil bois e tombou no Porto de Vila do Conde, em outubro de 2015, mas ainda não foi removido do local do acidente. Entre as consequências do acontecido, além da morte dos animais, que em sua maioria morreram afogados e presos na embarcação, um dos berços de atracação foi totalmente destruído, tendo o Porto perdido 12,5% da capacidade operacional e gerando elevados prejuízos econômicos. 

“O Porto de São Sebastião (…) movimentou em 2022 2,2 bilhões de dólares em exportações. O valor representado pela exportação de animais vivos é de apenas 33,5 milhões de dólares, que representa algo em torno de 1,3% do total. Então, nós temos uma atividade que gera um risco ambiental econômico imenso e que pode colocar a perder toda a riqueza que circula por aquele Porto”, complementa George.

Somado aos impactos ambientais, o mau odor e transtornos causados nos dias em que essas operações ocorrem também podem afetar o turismo da cidade, levando em consideração que é uma das atividades econômicas mais importantes da região, que gera renda e empregos.

Outros pontos tratados foram casos de acidentes que aconteceram em terra, nas estradas para o porto, onde caminhões tombaram com diversos animais vivos dentro, além de casos de instabilidade em navios e naufrágio por falta de equipamentos adequados.

Confira o vídeo da transmissão completa: