MasterChef leva vaca ao estúdio e pede para participantes cozinharem carne

O programa MasterChef Profissionais, que está em sua quarta temporada e vai ao ar na TV Band às terças-feiras, recebeu ontem uma convidada especial – uma pena que ela não tenha sido tratada como tal.

Durante a prova de eliminação, uma vaca foi levada até o estúdio, o que levantou o “debate” sobre o consumo de carne. Porém, ao invés de destacaram o quanto os produtos de origem animal são prejudiciais à saúde, à sociedade, ao meio ambiente e aos próprios animais, o programa se ateve a dizer que “o importante é não ser hipócrita”.

A jurada Paola Carosella fez um longo discurso a favor da “normalização” do ato de se comer carne. “Quando a gente olha para um bicho vivo, para mim, particularmente, vem um monte de sentimentos. Eu me considero uma pessoa cruel, porque eu como carne. Eu sinto dor, quando eu olho para ela. Mas eu assumo a minha responsabilidade, eu como carne. A segunda responsabilidade é que eu sou ciente de que carne eu como, e eu pesquiso quem está por trás desse bicho e como esse bicho cresceu”, disse Paola.

Saber a procedência da carne não a torna ética. Existem selos que chamam o processo de ”humanitário” e algumas poucas práticas regulatórias que buscam reduzir o sofrimento dos animais. Porém, mesmo a carne certificada ou orgânica vem de um animal que passou por uma crueldade altíssima e desnecessária. Por mais que alguns processos consigam reduzir bastante o sofrimento dos animais durante a vida e durante o processo de abate, o consumo desses alimentos continua sendo totalmente desnecessário nos dias de hoje. Não há morte sem dor e sem sofrimento. Esse vídeo mostra como é o processo de produção de carne da fazenda ao frigorífico:


“Quando a gente tem um bicho de 800kg e essa carinha, os olhos (…), a gente se horroriza, quem está em casa começa a falar mal, ‘que horror, que coisa violenta, que sinistro’. Enquanto isso come a pizza com a fatia de linguiça ou tem um sapatinho de couro”, completou Paola. Os próprios chefs tiveram reações bastante afetivas quando a vaca entrou no estúdio. “Meu Deus, coisa mais fofa”, “animal maravilhoso, lindo, dá vontade de botar no colo”, alguns disseram, logo antes de cozinharem. O único contraponto foi da participante Lubyanka Baltar, que disse não comer carne há dois anos por sentir empatia pelo animal.

A cena que mostra a vaca em frente a pedaços de carne de um animal de sua espécie explicita a contradição de valores na nossa sociedade. Ao mesmo tempo que sentimos enorme empatia pelos animais, esquecemos que os pedaços de carne eram parte de um ser dócil que apenas queria ter a oportunidade de viver.

O programa lembra uma outra polêmica recente veiculada pela televisão brasileira, em que o apresentador Rodrigo Hilbert matou uma ovelha e fez um churrasco, todo o processo acompanhado pelas câmeras. Apesar de chocantes e feitas sem qualquer reflexão a respeito da crueldade animal, as imagens mostram a realidade dos abates das carnes que chegam às mesas dos brasileiros e servem como ponto de partida para se pensar em alternativas nutricionais à nossa disposição – deliciosas, saudáveis e sem sofrimento.

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